sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Disparidades

Às vezes você fica,
Às vezes você some,
Um dia você pede,
No outro passa fome.

Te dou o lenitivo
Que é toda a minha vida
E você nem lembra meu nome.

Então vá pra suas coisas de TV;
Amigas afetadas;
Bandas malfadadas
E seu mundinho de clichês

Que eu vou ficar aqui,
Ler meu Dostoievski
E depois tentar dormir.

Sei que falando assim, talvez
Você deseje até que eu morra,
Mas já lhe falei, mais de uma vez:

Quando eu morrer,
Comigo quero ter
Um livro do Kafka,
Um poema do Caeiro
E algo pra comer.

Quero levar também
A foice que a morte tem.
Assim afundarei a barca do Caronte,
Roubo-lhe as moedas e vou beber
Fogo às margens do Aqueronte.

Quero água desta vida,
Que é pra não beber do Lethé
E não ter esquecimento.

Pra quando eu voltar,
Ter este mesmo sentimento.
Que me atormenta tanto,
Mas de vez em quando até
Que trás contentamento.

Por que?
Ora, às vezes você fica...

Edwin Fernandes Xavier...

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