sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Diabo

Oi, eu sou o diabo! Não acredita?
É isso que espero;
Que sempre faça o que quero.

Eu sou o diabo!
Seu melhor inimigo,
A voz do seu amigo.
Drogado, jogado, caído.

Eu sou o diabo!
Sua face no espelho,
Sua voz que não sai,
Sua mãe e seu pai.

Sou seu irmão e seu cão.
Estou em toda parte,
Na televisão, no cinema
E nas obras de arte.

Eu sou o grito de angústia
E seu medo escondido.
O padre rezando
E seu cantor preferido.

Eu sou o diabo!
Jogado, falido
O anjo caído
O diabo!

Eu sou você
Lançado no escuro.
Cansado e ferido
Em busca de abrigo.

Sou o ser e o não-ser,
O indizível e o que se pode dizer.
Você anda sozinho,
Mas eu sou o caminho.

Sou homem e sou deus,
Sou Hércules e Zeus.
A balança de Atena
E as correntes de Prometeu.

Sou os olhos de Édipo
E o dilema de Antígona.
A cegueira chegando
E Tirésias profetizando.

O pai e o filho,
A mãe e a irmã,
A louca e a sã.
O diabo!

Fausto e Werther,
Sábio e sofredor.
A ciência e a fé,
Sou a morte do amor.

Sou tudo que lhe assusta.
O Anticristo e Zaratustra.
Por mais que não acredite,
Eu sou o próprio Nietzsche.

Sou professor e ator,
O palco vazio e também a cena.
Sou os olhos que lêem
E a mão que escreveu este poema


Edwin Fernandes Xavier...
Caxias, dezembro de 2003.

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