Toda tarde ela passa vestida
de preto.
Está sempre um calor desgraçado,
mas ela resiste, reluta
e insiste.
Ela passa, não, melhor,
trespassa a rua, a calçada
e minha mente.
Sorrateiramente ela passa de preto
e lágrima pintada
no rosto.
Toda tarde ela passa.
Não, melhor, transgride os carros,
os homens e a própria tarde.
Trazendo consigo um livro,
ela passa de preto
e tão perto
que deixa transparecer o seu título
envelhecido e opaco:
“As Impurezas do Branco”
A mulher de preto,
sorrindo discreta e obscuramente,
sabe que é o centro dos olhares
dos desbotados e de suas
insípidas mulheres.
De preto ela passa,
não passa, porém, sua imagem
que permanece eternizando-se
na ausência da cor.
Verdadeiro arco-íris às avessas,
de preto ela passa,
não, pior, ela fere os instintos
e cabeças
de seres distintos
e furta-cor.
Heroína com seu traje suga-fótons,
de preto ela passa,
atraindo os tentáculos dos olhos
que olham, mas não vêem.
E deixa incrustado,
no meu olhar alterado,
o seu corpo coberto
de preto...
de preto...
de preto...
Edwin Fernandes Xavier...
Caxias, 07 de agosto de 2010
Esplêndido! Você tem um futuro brilhante, meu rapaz!! É só acreditar e investir!!! Abraço
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