tag:blogger.com,1999:blog-44247523512489012542024-02-20T08:48:22.258-08:00ÉdenEdwin Fernandes Xavier...http://www.blogger.com/profile/16324005413267961973noreply@blogger.comBlogger25125tag:blogger.com,1999:blog-4424752351248901254.post-21708360996647178542011-01-14T10:22:00.000-08:002011-01-14T10:24:24.092-08:00Outros DelíriosQuero hoje<br />outra espécie de delírios.<br />Chega de vôos ancestrais<br />e viagens no espaço sideral.<br /><br />Não quero imagens de estrelas,<br />vivas ou mortas.<br />Hecatombes de poetas vivos<br />no meu peito.<br /><br />Quero a poesia do aqui;<br />do “amor à Terra” e das<br />pontes superáveis.<br /><br />O delírio palpável das multidões reais<br />de pessoas falando, sentindo,<br />comendo,cuspindo<br />e embriagando-se com amor e arte.<br /><br />Quero um delírio, hoje, de<br />coisas simples para fazer<br />e desfazer continuamente.<br /><br />O delírio fácil do homem<br />de rua,<br />da lavadeira que enxerga, nas<br />roupas que lava,<br />o pão concretizando-se,<br /><br />A transubstanciação<br />da água tornando-se vinho<br />e sangue nas minhas mãos.<br /><br />Delírio de um sol de meio dia<br />rachando as cabeças<br />desprotegidas de trabalhadores<br />braçais.<br /><br />Não quero, hoje,<br />a força imagética de semideuses<br />e nefilins,<br />todas as construções dos Salmos<br />e do Eclesiastes.<br /><br />Quero as páginas indefinidas do livro<br />da vida<br />de cada um dos meus amigos.<br /><br />Revogou-se meu salvo-conduto<br />para o absurdo,<br />nonsense é coisa passada,<br />ou futura,<br />hoje quero outra espécie de delírios!<br /><br /><br />Edwin Fernandes Xavier...<br />Caxias, 07 de janeiro de 2011.Edwin Fernandes Xavier...http://www.blogger.com/profile/16324005413267961973noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4424752351248901254.post-69961253458507907342010-12-14T17:01:00.001-08:002010-12-14T17:01:54.315-08:00Queda<div class="post-header"> </div> <div class="GBDTI5ADI3"><span class="GBDTI5ADKMC ugc"><p><br /></p><p>A realidade cai,</p><p>às vezes curvilínea,</p><p>às vezes euclidianamente,</p><p>sobre os meus dias...</p><p> </p><p>Que importa se o espaço é curvo ou plano?</p><p>Nem Newton, nem Einstein explicam a</p><p>RELATIVA</p><p> </p><p>G</p><p>R</p><p>A</p><p>V</p><p>I</p><p>D</p><p>A</p><p>D</p><p>E</p><p> </p><p>do meu coração...</p><p> </p><p> </p><p><br /></p><p>Edwin Fernandes Xavier...</p><p>Caxias, 14 de dezembro de 2010.</p></span></div>Edwin Fernandes Xavier...http://www.blogger.com/profile/16324005413267961973noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4424752351248901254.post-22319926646240824652010-12-06T14:41:00.000-08:002010-12-06T14:42:30.344-08:00Querência<span style="font-weight: bold;"><br /></span>Quero o cheiro de comida<br />das ruas humildes de Caxias;<br />o falar retorcido dos bêbados<br />dos butiquins do mercado central.<br /><br />Quero as luzes foscas de suas praças,<br />becos e esquinas;<br />o riso escandaloso das meninas<br />da Diracir.<br /><br />Quero rir<br />novamente dos apresentadores<br />de programas locais,<br />são hilários...<br /><br />Quero seus bares<br />e até a irritação que me vem<br />com sua música ruim.<br /><br />A indiferença e o julgamento<br />de suas mulheres;<br />o incômodo das repartições<br />que me lembram um livro do Kafka.<br /><br />Quero ler pelo menos outra vez<br />os péssimos poemas de seus literatos.<br />(Não, isso já é querer demais)<br /><br />Prefiro ser expulso novamente<br />da Academia Militar de Letras...<br /><br />Ah, como quero Caxias,<br />com seus habitantes que recebem,<br />de quatro<br />em quatro anos,<br />asfalto para comer.<br /><br /><span style="font-weight: bold;">Edwin Fernandes Xavier...</span><br /><span style="font-weight: bold;">Caxias, 07 de outubro de 2010.</span><br /><br /><input name="security_token" value="AOuZoY5cYaDpyEF72C1CMr-VkfqmrqX2FQ:1291675251648" type="hidden"><input name="postID" value="258095177342059139" type="hidden"> <input name="blogID" value="4424752351248901254" type="hidden"> <div class="errorbox-good"><input name="securityToken" value="gDhJ9tCBQGOJuSSh9aSPqbnN4Wk:1291675251668" type="hidden"> </div>Edwin Fernandes Xavier...http://www.blogger.com/profile/16324005413267961973noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4424752351248901254.post-56058166321076783632010-09-14T05:54:00.000-07:002010-09-14T05:55:50.128-07:00A mulher de pretoToda tarde ela passa vestida<br />de preto.<br />Está sempre um calor desgraçado,<br />mas ela resiste, reluta<br />e insiste.<br /><br />Ela passa, não, melhor,<br />trespassa a rua, a calçada<br />e minha mente.<br /><br />Sorrateiramente ela passa de preto<br />e lágrima pintada<br />no rosto.<br /><br />Toda tarde ela passa.<br />Não, melhor, transgride os carros,<br />os homens e a própria tarde.<br /><br />Trazendo consigo um livro,<br />ela passa de preto<br />e tão perto<br />que deixa transparecer o seu título<br />envelhecido e opaco:<br />“As Impurezas do Branco”<br /><br />A mulher de preto,<br />sorrindo discreta e obscuramente,<br />sabe que é o centro dos olhares<br />dos desbotados e de suas<br />insípidas mulheres.<br /><br />De preto ela passa,<br />não passa, porém, sua imagem<br />que permanece eternizando-se<br />na ausência da cor.<br /><br />Verdadeiro arco-íris às avessas,<br />de preto ela passa,<br />não, pior, ela fere os instintos<br />e cabeças<br />de seres distintos<br />e furta-cor.<br /><br />Heroína com seu traje suga-fótons,<br />de preto ela passa,<br />atraindo os tentáculos dos olhos<br />que olham, mas não vêem.<br /><br />E deixa incrustado,<br />no meu olhar alterado,<br />o seu corpo coberto<br />de preto...<br />de preto...<br />de preto...<br /><br />Edwin Fernandes Xavier...<br />Caxias, 07 de agosto de 2010Edwin Fernandes Xavier...http://www.blogger.com/profile/16324005413267961973noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4424752351248901254.post-74276629864887973382010-09-13T12:49:00.000-07:002010-09-13T12:50:39.594-07:00DesveloO rato saiu sozinho<br />em busca do queijo<br />de cada dia.<br /><br />O gato saiu sozinho<br />em busca do rato<br />de cada dia.<br /><br />O trabalhador saiu sozinho<br />em busca do pão<br />de cada dia.<br /><br />Aproveitando seus respectivos ensejos,<br />cada qual cumpria sua pesada lida.<br /><br />O rato comeu o queijo.<br />O gato comeu o rato.<br />E o trabalhador,<br />se quiser comida,<br />vai ter que comer o gato...<br /><br />Edwin Fernandes Xavier...<br />Caxias, 21 de agosto de 2010.Edwin Fernandes Xavier...http://www.blogger.com/profile/16324005413267961973noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4424752351248901254.post-45931496970369912842010-08-25T06:33:00.000-07:002010-08-25T06:34:24.812-07:00O suicídio de um artista extemporâneo“Cada suicida é um poema sublime<br />de melancolia”. Balzac<br /><br />[...]<br /><br />Abre a gaveta da escrivaninha,<br />Cisma, pondera e finalmente<br />Agarra a arma com punho fremente,<br />Ergue-a, olha e engatilha.<br /><br />Por um instante ele hesitara,<br />Mas já com o cano frio na boca,<br />Ouvira uma voz maligna e rouca:<br />- Vamos, dispara!<br /><br />Na parede o sangue e a massa encefálica<br />Formam então um quadro impressionista,<br />Última obra de um grande artista<br />Que sucumbira a uma crise melancólica.<br /><br />Hoje os insensíveis ressaltam o seu declive,<br />Mas entre os artistas das gerações futuras<br />Um brado contínuo elevar-se-á às alturas:<br />- Vamos, revive!<br /><br />[...]<br /><br />Edwin Fernandes Xavier...<br />Caxias, 23 de agosto de 2010.Edwin Fernandes Xavier...http://www.blogger.com/profile/16324005413267961973noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4424752351248901254.post-48228890757983039492010-08-24T15:37:00.000-07:002010-08-24T15:38:57.627-07:00VozesQuando leio um poema imagino a voz<br />do poeta que o compôs,<br />E ouço efetivamente sua voz.<br />Assim, tenho falando-me constantemente<br />aos ouvidos,<br /><br />Drummond, Wasil, Rosemarie, Bandeira, Cecília,<br />Allan Poe, Daniel, Celso Mendes, Brida, Jéssica Aguiar,<br />Rimbaud, Zaqueu, Baudelaire, Carvalho Júnior, Decimar,<br />Ernesto {Augusto}, Florbela. Dhenova e Dinoélia...<br /><br />Além de tantos outros queridos poetas e poetisas,<br />sussurrando no momento mesmo<br />da composição,<br /><br />Seu conselho;<br />Sua revolta;<br />Sua interpelação;<br /><br />A retórica pergunta dirigida a outrem<br />que tomo como que para mim:<br />“E agora [Edwin]?”<br /><br />Sei que mais tarde, quando os reler,<br />eles lá estarão,<br />Recitando para mim, só para mim,<br />humilde leitor,<br />seus poemas eternos.<br /><br />As vozes dos poetas não cessam de ecoar<br />jamais.<br />Elas tornam-se um zumbido infindável<br />como o bordão do corvo Nunca Mais<br />Ou o verme impregnando os tímpanos<br />e a consciência.<br />Um estampido de vontade e também<br />de potência.<br /><br />Um riso inteligente disparando a esmo<br />suas agudas setas.<br />Meus amigos contemporâneos,<br />ouçam de bom grado<br />As vozes dos poetas!<br />“A mão que empunha a pena<br />equivale à que guia o arado.”<br /><br />Ouvir poesia é o mais útil dos atos inúteis<br />que cometo diuturnamente.<br /><br />Querem saber de outro?<br /><br />Tentar tornar audíveis meus próprios poemas...<br /><br />Edwin Fernandes Xavier...<br />Caxias, 21 de Agosto de 2010.Edwin Fernandes Xavier...http://www.blogger.com/profile/16324005413267961973noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4424752351248901254.post-15573669698608704692010-08-20T05:55:00.001-07:002010-08-20T05:55:55.055-07:00A CriaO poema,<br />produto do caso hipersensual entre o poeta<br />e a poesia,<br />objeto tão amado quanto um filho concebido,<br />dado à luz, criado, alimentado, vestido e educado<br />com as melhores palavras.<br /><br />Que ofendam o poeta,<br />não seu poema, pois aquele<br />daria a vida por este último.<br /><br />O poema,<br />nossa cria,<br />nossa vida,<br />nosso ethos,<br />reflexo e semelhança.<br /><br />Nosso desejo de perpetuação!<br /><br />Edwin Fernandes Xavier...<br />Caxias, 03 de julho de 2010.Edwin Fernandes Xavier...http://www.blogger.com/profile/16324005413267961973noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4424752351248901254.post-818599134239675772010-08-19T10:52:00.000-07:002010-08-19T10:53:40.906-07:00O poeta analfabetoEle sentia a poesia,<br />mas por falta de palavra escrita<br />perderam-se os versos,<br />por falta dos versos,<br />perderam-se os poemas,<br />por falta dos poemas,<br />faltou-lhe o devido reconhecimento.<br /><br />O poeta analfabeto<br />falava de coisas tão bonitas<br />e repletas de poesia,<br />como em muitos poetas canônicos<br />jamais se leu.<br /><br />Morreu no anonimato,<br />mas deixou em um menino<br />o gosto pelo sublime.<br /><br />Esse poeta, oh Deus...,<br />é tão importante para mim<br />quanto Drummond ou Baudelaire.<br /><br />Edwin Fernandes Xavier...<br />Caxias, 15 de agosto de 2010.Edwin Fernandes Xavier...http://www.blogger.com/profile/16324005413267961973noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4424752351248901254.post-86128774939694883762010-08-15T15:35:00.001-07:002010-08-15T15:35:34.256-07:00Poemeto TortoTorto é o mundo<br />Torta é a vida<br />Torta é a borda de<br />Minha ferida<br />Essa rima é torta<br />Como torta também é<br />A folha que lhe comporta<br />E a caneta que lhe produz<br />Além da mão que à caneta<br />conduz<br /><br /><br />Edwin Fernandes Xavier...Edwin Fernandes Xavier...http://www.blogger.com/profile/16324005413267961973noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4424752351248901254.post-36016022574613538582010-08-14T05:35:00.001-07:002010-08-14T05:35:22.802-07:00SonoMeu sono <br /> é tão raquítico quanto seu dono.<br />Dura poucas horas,<br /> surge e logo vai embora.<br />Às vezes luto para mantê-lo,<br /> mas impedem-me a insônia ou um pesadelo.<br />É uma inconstante e perigosa armadilha,<br /> tanto que nem o diferencio do estado de vigília. <br />Meu sono é como a puta mais vadia,<br /> eu nunca o encontro durante o dia.<br />É um interesseiro e inebriado amigo,<br /> só com álcool quer estar comigo.<br /><br /> <br /> Edwin Fernandes Xavier...Edwin Fernandes Xavier...http://www.blogger.com/profile/16324005413267961973noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4424752351248901254.post-51761668649197348042010-08-13T08:03:00.000-07:002010-08-13T08:04:20.971-07:00Grito<p style="MARGIN: 0cm -61.3pt 0pt 0cm" class="MsoNormal"><i style="mso-bidi-font-style: normal"><span style="FONT-FAMILY: Chiller; FONT-SIZE: 22pt"><?xml:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" /><o:p></o:p></span></i> </p><p style="MARGIN: 0cm -61.3pt 0pt 0cm" class="MsoNormal"><i style="mso-bidi-font-style: normal"><span style="FONT-FAMILY: Chiller; FONT-SIZE: 22pt"><o:p> </o:p></span></i></p><p style="MARGIN: 0cm -61.3pt 0pt 0cm" class="MsoNormal"><i style="mso-bidi-font-style: normal"><span style="FONT-FAMILY: Chiller; FONT-SIZE: 22pt">Ouvi um grito<o:p></o:p></span></i></p><p style="MARGIN: 0cm -61.3pt 0pt 0cm" class="MsoNormal"><i style="mso-bidi-font-style: normal"><span style="FONT-FAMILY: Chiller; FONT-SIZE: 22pt">Então comecei a rir<o:p></o:p></span></i></p><p style="MARGIN: 0cm -61.3pt 0pt 0cm" class="MsoNormal"><i style="mso-bidi-font-style: normal"><span style="FONT-FAMILY: Chiller; FONT-SIZE: 22pt">Quem gritava estava chorando<o:p></o:p></span></i></p><p style="MARGIN: 0cm -61.3pt 0pt 0cm" class="MsoNormal"><i style="mso-bidi-font-style: normal"><span style="FONT-FAMILY: Chiller; FONT-SIZE: 22pt">Então meu riso foi maior ainda<o:p></o:p></span></i></p><p style="MARGIN: 0cm -61.3pt 0pt 0cm" class="MsoNormal"><i style="mso-bidi-font-style: normal"><span style="FONT-FAMILY: Chiller; FONT-SIZE: 22pt">Eu mesmo gritava<o:p></o:p></span></i></p><p style="MARGIN: 0cm -61.3pt 0pt 0cm" class="MsoNormal"><i style="mso-bidi-font-style: normal"><span style="FONT-FAMILY: Chiller; FONT-SIZE: 22pt">E meu riso era uma <o:p></o:p></span></i></p><p style="MARGIN: 0cm -61.3pt 0pt 0cm" class="MsoNormal"><i style="mso-bidi-font-style: normal"><span style="FONT-FAMILY: Chiller; FONT-SIZE: 22pt">Alternância do meu choro<o:p></o:p></span></i></p><p style="TEXT-ALIGN: right; MARGIN: 0cm -61.3pt 0pt 0cm" class="MsoNormal" align="right"><i style="mso-bidi-font-style: normal"><span style="FONT-FAMILY: Chiller; FONT-SIZE: 22pt"><o:p> </o:p></span></i></p><p style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0cm -61.3pt 0pt 0cm" class="MsoNormal" align="center"><i style="mso-bidi-font-style: normal"><span style="FONT-FAMILY: Chiller; FONT-SIZE: 22pt"><span style="mso-spacerun: yes"> </span><span style="mso-spacerun: yes"> </span><span style="mso-spacerun: yes"> </span>Edwin Fernandes Xavier...</span></i><span style="FONT-FAMILY: Chiller; FONT-SIZE: 22pt"><o:p></o:p></span></p><p style="MARGIN: 0cm -61.3pt 0pt 0cm" class="MsoNormal"><span style="FONT-FAMILY: Chiller"><o:p> </o:p></span></p>Edwin Fernandes Xavier...http://www.blogger.com/profile/16324005413267961973noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4424752351248901254.post-65697218954177811762010-08-13T08:00:00.000-07:002010-08-13T08:01:09.298-07:00DiaboOi, eu sou o diabo! Não acredita?<br />É isso que espero;<br />Que sempre faça o que quero.<br /><br />Eu sou o diabo!<br />Seu melhor inimigo,<br />A voz do seu amigo.<br />Drogado, jogado, caído.<br /><br />Eu sou o diabo!<br />Sua face no espelho,<br />Sua voz que não sai,<br />Sua mãe e seu pai.<br /><br />Sou seu irmão e seu cão.<br />Estou em toda parte,<br />Na televisão, no cinema<br />E nas obras de arte.<br /><br />Eu sou o grito de angústia<br />E seu medo escondido.<br />O padre rezando<br />E seu cantor preferido.<br /> <br />Eu sou o diabo! <br />Jogado, falido<br />O anjo caído<br />O diabo!<br /><br />Eu sou você<br />Lançado no escuro.<br />Cansado e ferido<br />Em busca de abrigo.<br /><br />Sou o ser e o não-ser, <br />O indizível e o que se pode dizer.<br />Você anda sozinho,<br />Mas eu sou o caminho.<br /><br />Sou homem e sou deus,<br />Sou Hércules e Zeus.<br />A balança de Atena<br />E as correntes de Prometeu.<br /><br />Sou os olhos de Édipo<br />E o dilema de Antígona.<br />A cegueira chegando<br />E Tirésias profetizando.<br /><br />O pai e o filho,<br />A mãe e a irmã,<br />A louca e a sã.<br />O diabo!<br /><br />Fausto e Werther,<br />Sábio e sofredor.<br />A ciência e a fé,<br />Sou a morte do amor.<br /><br />Sou tudo que lhe assusta.<br />O Anticristo e Zaratustra.<br />Por mais que não acredite,<br />Eu sou o próprio Nietzsche.<br /><br />Sou professor e ator,<br />O palco vazio e também a cena.<br />Sou os olhos que lêem<br />E a mão que escreveu este poema<br /><br /><br /> Edwin Fernandes Xavier...<br /> Caxias, dezembro de 2003.Edwin Fernandes Xavier...http://www.blogger.com/profile/16324005413267961973noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4424752351248901254.post-2644096438131960032010-08-13T07:51:00.000-07:002010-08-13T07:52:22.927-07:00DisparidadesÀs vezes você fica,<br />Às vezes você some,<br />Um dia você pede, <br />No outro passa fome.<br /><br />Te dou o lenitivo <br />Que é toda a minha vida <br />E você nem lembra meu nome.<br /><br />Então vá pra suas coisas de TV;<br />Amigas afetadas; <br />Bandas malfadadas <br />E seu mundinho de clichês <br /><br />Que eu vou ficar aqui, <br />Ler meu Dostoievski<br />E depois tentar dormir.<br /><br />Sei que falando assim, talvez<br />Você deseje até que eu morra, <br />Mas já lhe falei, mais de uma vez:<br /><br />Quando eu morrer,<br />Comigo quero ter <br />Um livro do Kafka,<br />Um poema do Caeiro<br />E algo pra comer.<br /><br />Quero levar também <br />A foice que a morte tem. <br />Assim afundarei a barca do Caronte,<br />Roubo-lhe as moedas e vou beber<br />Fogo às margens do Aqueronte.<br /><br />Quero água desta vida, <br />Que é pra não beber do Lethé<br />E não ter esquecimento.<br /><br />Pra quando eu voltar,<br />Ter este mesmo sentimento.<br />Que me atormenta tanto,<br />Mas de vez em quando até <br />Que trás contentamento.<br /><br />Por que?<br />Ora, às vezes você fica...<br /><br /> Edwin Fernandes Xavier...Edwin Fernandes Xavier...http://www.blogger.com/profile/16324005413267961973noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4424752351248901254.post-17932523113839996792010-08-13T07:43:00.000-07:002010-08-13T07:45:12.250-07:00Das alturas clamo a ti, poesia.Eu sou um flâneur de visões totalmente inadequadas,<br />À espera de uma mudança que finalmente me interesse,<br />Olhando obliquamente para deusas desengonçadas<br />Que vivem implorando por pelo menos uma prece.<br /><br />Contemplo o fluir e o refluir de toda esta vida efêmera<br />E não encontro uma resposta que realmente satisfaça,<br />A gnose é uma mentira, a ciência é uma quimera,<br />Esvaecendo-se em meu cérebro como nuvens de fumaça.<br /><br />Construo caminhos ininteligíveis aos desatentos,<br />Sublimando toda emoção que seja pura.<br />Expresso meu sentir num pensamento<br />Que me fere, mas ao mesmo tempo é o que me cura.<br /><br />Encontro-me aqui, onde o ar é frio e rarefeito,<br />Digladiando com a incerteza existente em cada dia.<br />Respondo aos meus anseios mais insatisfeitos<br />Extraindo a concretude de um poema do abstrato da poesia.<br /><br />Edwin Fernandes Xavier..<br />Caxias, 07 de outubro de 2009.Edwin Fernandes Xavier...http://www.blogger.com/profile/16324005413267961973noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4424752351248901254.post-64247807123237400372010-07-24T07:46:00.000-07:002010-07-24T07:47:19.063-07:00DistânciasA tua falta é em mim uma vontade crua,<br />deglutindo distâncias e regurgitando a esmo<br />como se eu não sentisse somente a tua,<br />mas sentisse a falta de mim mesmo.<br /><br />A tua falta é uma presença em mim também,<br />é sentir um vazio que me preenche,<br />é a inspiração fugidia que contém<br />algo que quanto mais se tira, mais se enche.<br /><br />A inversão contida em um só sentido,<br />desfazendo o nunca feito e refazendo o por fazer,<br />um não-te-ter-já-tendo-tido<br />e um já-ter-te-tido-e-não-te-ter.<br /><br />A substantivação de uma saudade intensa<br />que trespassa meus poemas de dentro pra fora,<br />aglutina versos tensos em estrofes densas<br />e capta poesia na ausência das horas.<br /><br />Edwin Fernandes Xavier...<br />Caxias, 25 de janeiro de 2010Edwin Fernandes Xavier...http://www.blogger.com/profile/16324005413267961973noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4424752351248901254.post-7908436806659010972010-07-24T07:44:00.000-07:002010-07-24T07:45:39.542-07:00TransmigraçãoArrasto pelas ruas esta estrutura<br />calcada em carbono,<br />Único bem que Deus ou o acaso<br />me concedeu<br />Para cumprir diariamente funções<br />não escolhidas.<br />Mais necessidade que qualquer<br />outra coisa.<br />Nada além de fragilidade, corpo<br />e consciência.<br /><br />Um corte longilíneo , alguns minutos de sangue , e pronto :<br />Tudo<br />se<br />desfaz<br />Naqueles mesmos átomos que um dia<br />estiveram nos núcleos estelares<br />E quem sabe, também, na urina de uma<br />puta mexicana...<br /><br />Edwin Fernandes Xavier...<br />Caxias, 25 de fevereiro de 2010.Edwin Fernandes Xavier...http://www.blogger.com/profile/16324005413267961973noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4424752351248901254.post-11318223821466143202010-07-24T07:42:00.000-07:002010-07-24T07:44:14.226-07:00(In)decisãoO meu cabelo não se decide entre<br />o enrolado e o liso.<br />Minha estatura não se decide entre<br />alta e mediana.<br />Meu humor não se decide entre<br />o choro e o riso.<br />Minha mente não se decide entre<br />ser sã e ser insana.<br /><br />Minha aflição não se decide entre<br />o pêndulo e o poço.<br />Meu temperamento não se decide entre<br />a calma e o alvoroço.<br />Minhas ações não se decidem entre<br />a contradição e a razão suficiente.<br />Minha vida não se decide entre<br />ela mesma e a morte.<br /><br />Este poema não se decide entre<br />o palpável e a abstração.<br />As estrofes não se decidem entre<br />rimas intercaladas e a sobreposição.<br />Mas talvez tudo isso já seja decidir. Ou não...<br />Pois o próprio eu lírico não se decide agora, entre<br />o decidir e a indecisão.<br /><br />Edwin Fernandes Xavier...<br />Caxias, julho de 2008.Edwin Fernandes Xavier...http://www.blogger.com/profile/16324005413267961973noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4424752351248901254.post-36493212457287976392010-07-24T07:41:00.000-07:002010-07-24T07:42:14.849-07:00CasualidadeUma árvore,<br />Um banco,<br />Um cachorro sarnento,<br />Cigarros,<br />Motos rugindo,<br />Dois violões<br />E um menino sorrindo.<br /><br />Tudo isso é “A”<br />E eu sou “B”.<br />Confirmando um princípio, nos encontramos de repente na dança<br />da casualidade entre o que vem e o que se encontra pela frente.<br /><br />A árvore balança,<br />O banco range,<br />Late o cachorro,<br />Um cigarro então cai,<br />Passam as motos<br />E o menino se vai.<br /><br />Vibram os violões<br />Num deles falta uma corda<br />Comigo tudo é caos<br />Descompasso entre o captar e a demanda<br />Entrego-me então à pungente vibração da música<br />dos dois ordinários que ali tocam sem sua banda.<br /><br /><br />Edwin Fernandes Xavier...<br />Caxias, 20 de janeiro de 2008. <strong></strong>Edwin Fernandes Xavier...http://www.blogger.com/profile/16324005413267961973noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4424752351248901254.post-28124798323198485222010-07-24T07:38:00.001-07:002010-07-24T07:39:35.235-07:00TardesAs tardes de minha infância estão sempre<br />reencontrando-me.<br />Aproximam-se sorrateiramente com<br />suas luzes moribundas<br />E seus perfumes de flores tristes.<br />Do tempo em que as flores eram eternas<br />curiosidades.<br /><br />Não sei por que espécie de pressentimento<br />sinto que morrerei numa destas tardes<br />Assim, lenta e tristemente,<br />Ao encontro da noite sem fim...<br /><br />Edwin Fernandes Xavier...<br />Caxias, 29 de abril de 2010.Edwin Fernandes Xavier...http://www.blogger.com/profile/16324005413267961973noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4424752351248901254.post-88859633113672036622010-07-23T09:47:00.000-07:002010-07-23T09:48:06.137-07:00Overdose poéticaEssa noite eu tive uma overdose de poesia<br />Fumei um Drummond<br />Cheirei Leminski<br />Dei um trago no Allan Poe<br />Quando já estava no chão<br />Injetei na veia cinco poemas do Rimbaud<br /><br />No meio do caminho entre desmaiado<br />e desperto<br />Percebi iluminuras de Augusto ali<br />por perto<br /><br />Foi então que vi um morcego e um corvo<br />brigando pra comer o bicho alfabeto<br /><br /><br />Edwin Fernandes Xavier...Edwin Fernandes Xavier...http://www.blogger.com/profile/16324005413267961973noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4424752351248901254.post-67483396944626958522010-07-23T05:50:00.000-07:002010-07-23T05:52:35.842-07:00Impressões de uma manhã no mercadoAo professor Henrique; mecenas de artistas, poetas e bêbados.<br /> <br /><br />Percebo certa tristeza pairando no ar,<br />Um desencanto latente nos olhares,<br />Lembranças flutuando nas mesas do bar <br />E a nostalgia que permeia alguns lugares.<br /><br />Numa melancolia que não há quem console,<br />Com copo, caneta e papel em mãos,<br />Vivendo a desesperança de só mais um gole,<br />Fico sentado em “momenterna” contemplação. <br /><br />Encontro-me com tudo o que fui e não mais sou.<br />Num torturante e retroativo sentimento <br />Recordo-me de alguns amigos que a morte ceifou,<br />Outros..., a mágoa, o ciúme e o ressentimento.<br /><br />Sei que sou a pura e fatal conseqüência de mim mesmo,<br />Fruto desta minha forma de sentir quase tudo.<br />Alterando signos e sobrelevando minha dor ao extremo<br />Como se o “i” sempre iniciasse a palavra mundo.<br /><br />Completamente submerso em estranho delírio<br />Penso naquilo que embora perto esteja bem longe...<br />No amor legítimo e no amor espúrio, <br />No futuro que ontem eu pensei que teria hoje.<br /><br />Subitamente o teatro da vida me enlaça e atiça.<br />Capto a aura de uma obra de arte,<br />Porém minha exegese não lhe faz justiça,<br />Pois diante do todo, distorço-lhe as partes.<br /> <br />Num processo lento e perene<br />As verdureiras arrumam barracas.<br />O tempo então se espreme,<br />Formando pinturas densas e opacas.<br /><br />Sinto o aroma, o aspecto e o gosto.<br />Batatas, pimentas, limões;<br />Chão sujo, cachorros, esgoto<br />E um velhinho com sua camisa sem botões.<br /><br />Há mesas manchadas com sangue frio;<br />Peixes pendendo das mãos dos peixeiros;<br />Facas nervosas cortando horas a fio;<br />Cascas, cabeças e escamas rodopiando nos bueiros.<br /><br />Duas mulheres bonitas e antipáticas,<br />Com trejeitos chatos e sorriso pobre,<br />Balançam suas bundas brancas e elásticas,<br />Desdenhando de tudo com olhar esnobe.<br /><br />Vejo um deficiente com suas muletas;<br />Engraxate, sapatos, caixote;<br />Um mendigo curtindo a sarjeta<br />E um alcoólatra à beira da morte. <br /><br />Jogadores compulsivos repetem movimentos infatigáveis,<br />Formando nuvens tóxicas com seus cigarros<br />E bajulando máquinas caça-níqueis estéreis e instáveis <br />Com suas luzes foscas e desenhos bizarros. <br /><br />Deparo-me agora com as imagens que mais me comovem:<br />Uma menininha sorridente pedindo esmolas, <br />Um andarilho tristonho de aspecto bem jovem<br />E uma grávida ininterruptamente cheirando cola.<br /><br />Num entrelaçar de gestos, pensamentos e expressões<br />Os passantes entreolham-se de soslaio. <br />Tudo se reúne num desconexo bloco de ações<br />Como numa peça desprovida de ensaio. <br /><br />Os peixeiros conversam asneiras,<br />As mulheres se vão com sacolas pendentes,<br />O velhinho vende cordões, anéis e pulseiras<br />E o engraxate lustra os sapatos do deficiente.<br /><br />As verdureiras falam sobre ervas e seus mistérios,<br />Repentinamente surgem melodias inexatas,<br />O alcoólatra e o mendigo balbuciam impropérios<br />Num frenesi característico dos apóstatas. <br /><br />Os jogadores perdem seu dinheiro diante de uma platéia<br />Indiferente a quaisquer das possíveis conseqüências.<br />As máquinas caça-níqueis engolem onomatopéias <br />E os cigarros vomitam suas diversas substâncias.<br /><br />A menininha recolhe os seus trocados,<br />A grávida perambula alucinada,<br />Os cachorros perseguem ossos por todos os lados<br />E o andarilho desaparece, seguindo sua jornada.<br /> <br />Ao redor tudo impressiona o meu olhar, <br />Neste local não há o que se disfarce,<br />O formato das bocas e nuances das formas de falar<br />Ou a compleição fatigada retida em cada face. <br /><br />Ouço a voz de um homem de sorriso contrafeito,<br />O tilintar de moedas nos balcões.<br />A angústia mergulhada no meu peito<br />Uni-se à fumaça cancerígena injetada nos pulmões.<br /><br />A fome surge esmagadora, <br />O estômago dói e me contorço. <br />Admiro ainda mais a missão exploratória <br />Dos ambulantes em sua batalha diária pelo almoço.<br /><br />Um amigo abre mão de beber para que eu beba,<br />Em um gesto quase bom e semi-mau, <br />Insistindo para que eu receba<br />Aquele néctar inebriante e transversal.<br /><br />Cai então o peso do álcool nos meus ombros,<br />O ambiente torna-se cada vez mais kafkiano,<br />Vejo criancinhas inocentes nos escombros<br />Tornando-se criaturas distorcidas de olhar profano. <br /><br />Numa prosopopéia altamente alucinatória <br />Mesas e cadeiras dançam de um jeito jocoso,<br />As facas fitam-me de forma interrogatória<br />E as garrafas esfregam-se até chegarem ao gozo.<br /><br />Cada elemento presente me enleva e impele<br />A uma amálgama de náusea, paixão, calor e afeto.<br />O ar quente e úmido envolvendo a pele, <br />As paredes estreitas, sombras e frestas de luz no teto.<br /><br />Pensadores inconscientes e maltrapilhos;<br />Poetas que nunca foram laureados em academias;<br />O pobre burguês e o proletário sem filhos,<br />Acabam confluindo suas inumeráveis filosofias. <br /><br />Metonimicamente o mundo inteiro está ali,<br />Cada ser representando um único e enorme “EU”,<br />Seguindo na condescendência coletiva de existir.<br />Quanto a mim..., tudo o que restou já se perdeu.<br /><br />Com os efeitos de uma mente embriagada<br />Sou (álcool)poeticamente marcado <br />Pela poesia desentranhada <br />E esta sub-sóbria manhã no mercado. <br /><br /> Edwin Fernandes Xavier...<br /> Caxias, setembro de 2008.Edwin Fernandes Xavier...http://www.blogger.com/profile/16324005413267961973noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4424752351248901254.post-90295880131098399452010-07-23T05:47:00.000-07:002010-07-23T05:48:19.390-07:00Negação da negaçãoDo muro fez-se a nação;<br />Da guerra fez-se o contato;<br />Do asco fez-se a visão<br />do sublime conhecimento.<br /><br />Do instável fez-se o constante;<br />Da convivência fez-se a saudade;<br />Da efemeridade do instante,<br />a eterna proximidade.<br /><br />Da vigília fez-se o sonhar;<br />Do nada, a existência;<br />Dos teus olhos negros fez-se um olhar<br />de suprema clarividência.<br /><br />Da tua boca fez-se a negação,<br />contrária a si mesma enfim,<br />pois teus lábios diziam não,<br />mas tua mente dizia sim...<br /><br />Edwin Fernandes Xavier...<br />Caxias, 06 de julho de 2010.Edwin Fernandes Xavier...http://www.blogger.com/profile/16324005413267961973noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4424752351248901254.post-42164696744245725072010-07-23T05:37:00.000-07:002010-07-23T05:38:12.645-07:00Devaneio noturnoNuma noite repleta de imagens obscuras<br />O desejo de morrer vem lancinante.<br />Entre árvores secas, luzes baças e sepulturas<br />Vejo a barca atravessando um rio errante.<br /><br />Ouço os silvos do remo do barqueiro,<br />Este fiel acólito dos infernos,<br />Figura mórbida de olhos sobranceiros<br />Que por uma esmola nos conduz ao mundo interno.<br /><br />De tudo quanto nesta vida tenho perguntado,<br />Se ele me trouxesse uma resposta sequer,<br />Minha alma eu lhe entregaria de bom grado<br />E beberia depois toda a água do Lethé.<br /><br />Pois contemplar por um instante uma verdade imortal,<br />Independendo da permanência da lembrança,<br />Me faria partícipe da grande consciência universal<br />E da felicidade que somente senti quando criança.<br /><br /><br />Edwin Fernandes Xavier...<br />Caxias, 16 de setembro de 2009.Edwin Fernandes Xavier...http://www.blogger.com/profile/16324005413267961973noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4424752351248901254.post-81686870905334306232010-07-23T05:33:00.000-07:002010-07-23T05:36:35.680-07:00Verme SuburbanoNa trilha de um verme<br />suburbano<br />Que ao cérebro prefere<br />os testículos,<br />Encontra-se a verdadeira<br />podridão.<br /><br />A fálica putrefação<br />dos órgãos.<br />Uma mensagem oculta<br />nos membros<br />Que só à luz do verme<br />escapa da escuridão.<br /><br />A vida que jorra do invólucro<br />escrotal<br />É o anúncio de que a morte<br />sempre chega,<br />Seja sublimemente ou da<br />forma mais banal.<br /><br />O verme da morte nos acompanha<br />do fim ao começo.<br />Do corpo cadavérico decomposto<br />em pus,<br />Até o frescor do mais puro<br />líquido seminal.<br /><br />Os espermatozóides que morrem<br />para que eu nasça<br />Transformam-se mais tarde,<br />como que por vingança,<br />Nos vermes que irão me decompor<br />no ambiente escuro e frio do meu caixão.<br /><br />Pois o fruto vivo da fecundação<br />Torna-se homem depois volta ao pó.<br />Mostrando que a morte e a vida não se separam,<br />Mas encontram-se unidas na cadência louca de<br />um processo só.<br /><br />Edwin Fernandes Xavier...Edwin Fernandes Xavier...http://www.blogger.com/profile/16324005413267961973noreply@blogger.com1